quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Repensando o bolchevismo e o estalinismo

http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs.aspx?cmm=1641004&tid=11248809&na=4&nst=1&nid=1641004-11248809-67094242

(trechos de um diálogo no Orkut)

Repensando o bolchevismo e o estalinismo

Começo com a pergunta: como o bolchevismo e o estalinismo puderam hegemonizar a consciência da esquerda durante tanto tempo? Como pode haver estalinistas ainda hoje?

Uma das coisas que mais me impressiona naquela comunidade Marx-Brasil é o número de militantes estalinistas e adeptos do leninismo.

Será que eles são mais do que meia torcida da Portuguesa e lotam 2 kombis?Ou ainda têm alguma força no submundo do militantismo esquerdista ?

"E os trotskistas, se por um lado lêem mais e tem um discurso mais próximo do leninismo e mais ortodoxo (eles tem muito mais argumentação e conhecimento de causa que os estalinistas), por outro são tão cegos e fanáticos, e tem aquele discursinho que não vira o disco há 80 anos. O Conlute, como alternativa de movimento estudantil, sendo controlado pelo PSTU, nada mais é que outra UNE em potencial, talvez um pouco mais crítica.
Em suma, um trotskista é um estalinista de oposição, é um estalinista que não chegou ao poder e por isso o critica. O trotskista é um estalinista, pois no fundo, tem as mesmas concepções e usam os mesmos métodos centralistas e expurgos. Não passam de sacerdotes fanáticos do trabalho e da mercadoria."

Concordo plenamente. Para melhorar a tua fórmula, digamos que o trotskysmo é um estalinismo potencial, que ainda não realizou seu conceito - por puro acaso histórico, pois a teoria afirmativa dos exércitos do trabalho está em Trotsky no Comunismo e Terrorismo.

A base de tudo isso é o bolchevismo, o centralismo democrático, que funciona da seguinte maneira: democracia interna limitada às assembléias, centralismo e terror pra fora. E esses analfabetos teóricos ainda se denominam "vanguarda", o que é pior.

"Mas a questão é: essa onda estalinista, após uma soneca razoável: ela representa algo relevante de fato para analisarmos tanto a predominância do leninismo no movimento operário ao longo de todo esse tempo quanto o declínio atual da esquerda tradicional?"

Acho que é fundamental ter claro essa origem nefasta da esquerda brasileira, e até onde ela deita raízes. Não sabia que o estalinismo era tão forte ainda, foi um susto, pensei que o PC do B tinha se liqüefeito após 89. E o pior: ele se reproduz entre estudantes, gente em tese mais esclarecida.

Enfim, esse diagnóstico é importante também para entender o declínio da esquerda brasileira. Já que o estalinismo ruiu junto com Krushev etc. e com o socialismo real em 89, então dá pra entender como a esquerda foi indo para o campo da social-democracia e do liberalismo, descartando ou enterrando a atuação "democrática radical" do tipo luxemburguista ou conselhista.

Aliás, deixo uma pergunta: esta última nunca deitou entre nós como possibilidade ? Nem entre os anarquistas ?

ALGUNS TÓPICOS DE DISCUSSÃO
Pablo,

concordo contigo. Temos de estudar mais a fundo as formas já existentes de autogestão, daqui ou lá de fora, para analisar as falhas e as possibilidades de multiplicação de experiência.

Creio que o descontentamento com o mercado e com o Estado é latente no povo brasileiro. O brasileiro típico odeia política e burocracia, quer resolver as coisas diretamente, embora na maioria das vezes apelando pro "jeitinho brasileiro", isto é, para privilégios clientelistas.

O debate então se dá em várias frentes:
1) Uma crítica mordaz do modo de vida capitalista em crise, inclusive das classes médias, que são o guardião econômico e simbólico do sistema.
2) Uma crítica à experiência bolchevista de esquerda
3) Uma retomada crítica da experiência anarquista e conselhista de organização no Brasil e no mundo.
4) Análise concreta dos movimentos sociais autogestionários, as falhas (a integração/desintegração no mercado capitalista) e as possibilidades (ruptura da divisão do trabalho etc.).

etc. etc.

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